Existem várias receitas de alimentação protéica. O apicultor poderá utilizar uma das descritas a seguir ou procurar substitutos regionais para a fabricação de uma alimentação adequada.
Receita 1: |
Ingredientes: 3 partes de farelo de soja, 1 parte de farinha de milho e 6 partes de mel |
Modo de fazer: Misturar bem os dois farelos e adicionar o mel devagar até formar uma pasta mole. Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana. |
Receita 2: |
Ingredientes: 3 partes de farelo de soja, 2 partes de farinha de milho e 15 partes de mel. |
Modo de fazer: Misturar bem os dois farelos e adicionar o mel devagar até formar uma pasta mole. Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana. |
Receita 3: |
Ingredientes: 7 partes de farelo de trigo, 3 partes de farelo de soja e 15 partes de mel. |
Modo de fazer: Misturar os farelos e acrescentar o mel. Deixar em repouso por uma semana em local limpo e refrigerado. Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana. |
No lugar do mel, pode-se usar xarope ou açúcar invertido, no entanto, o mel deixa o alimento mais atrativo. É importante que os farelos estejam bem moídos, caso contrário, as abelhas rejeitam o alimento.
Outros alimentos podem ser usados, a levedura de cana-de-açúcar (receita a seguir). Alguns apicultores usam leite para enriquecer o xarope com proteína, entretanto, as abelhas não possuem mecanismo para digerir o leite e acabam morrendo intoxicadas.
Receita 4: |
Ingredientes : 6 kg de açúcar refinado, 3 kg de açúcar invertido e 1 kg de levedura seca de cana-de-açúcar. |
Modo de fazer : Misturar bem os ingredientes para formar a pasta. |
Fornecer a ração misturada com pólen aumenta a aceitação e a eficiência do alimento. O pesquisador Leoman Couto (1998) recomenda a receita abaixo:
Receita 5: |
Ingredientes : 2 partes de pólen seco moído, 5 partes de açúcar, 10 partes de farelo de soja e 3 partes de mel. |
Modo de fazer : Misturar bem o farelo, o pólen e o açúcar e adicionar o mel devagar até formar uma pasta mole. Fornecer 200 g do alimento duas vezes por semana. |
Se o produtor não quiser usar o mel ou não tiver mel disponível, poderá fornecer às abelhas a receita a seguir:
Receita 6: |
Ingredientes : 1 parte de pólen seco e moído, 4 partes de farelo de soja, 4 partes de açúcar e 2 partes de água |
Modo de fazer : Misturar bem os ingredientes secos e adicionar a água lentamente, mexendo sempre. |
Outra alternativa, segundo Ribeiro Filho (1999), é o fornecimento de xarope enriquecido com massa de jatobá (Hymenaea spp), usando-se 100 g de massa para cada litro de xarope. Segundo o pesquisador, o xarope também poderia ser enriquecido da mesma forma com pó de vagem de pau-ferro ou juá (Cesalphinia ferrea) ou pó de folhas de feijão, mandioca e abóbora.
Atualmente a Embrapa Meio-Norte vem pesquisando em parceria com várias instituições outras alternativas para alimentação das abelhas como: torta de babaçu (Orbygnia martiana), farinha de algaroba (Prosopis juliflora), farinha do bordão-de-velho (Pithecellobium cf. saman), feno de mandioca (Manihot esculenta), feno de leucena (Leucena leococephala). Esses resultados estarão sendo divulgados e disponibilizados aos apicultores em breve. A instituição também se coloca à disposição para testar e avaliar qualquer produto que o apicultor tenha interesse em utilizar como alimentação, desde que seja fornecido em quantidade suficiente para os testes.
A alimentação artificial pode ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos. Cada modelo tem uma série de vantagens e desvantagens e cabe aos apicultor analisar e escolher o que seja mais adaptado para sua realidade.
O alimentador coletivo é uma espécie de cocho colocado em cada apiário, disponibilizando o alimento a todos os enxame de uma única vez. Esse modelo necessita de pouco manejo e é muito prático, sendo recomendado para apicultores que possuem grande quantidade de colmeias. Porém, apesar de mais prático, o alimentador coletivo apresenta as seguintes desvantagens:
- Fornece alimento para enxames naturais, de apiários vizinhos, pássaros, formigas, pequenos mamíferos, etc.
- Incentiva o saque.
- Pode ser uma fonte de transmissão de doenças.
- Desfavorece os enxames fracos, já que as colônias fortes coletam mais alimento do que as fracas.
Os alimentadores individuais podem ser encontrados à venda nas lojas especializadas, em diversos modelos, de modo a fornecer alimento interna ou externamente, como pode ser visto a seguir. Os mais recomendados são os alimentadores internos, pois reduzem o saque.
Alimentador de Boardman
Usado na entrada da colmeia, destina-se apenas para alimentos líquidos. Consiste em um vidro emborcado sobre um suporte de madeira, que é parcialmente introduzido no alvado da colmeia. Prático, deixa o alimento exposto externamente, não havendo necessidade de abrir a colmeia para o abastecimento, contudo, pode incentivar o saque (Fig. 33).
Figura 33. Alimentador de Boardman.
Alimentador de Cobertura ou Bandeja
Consiste em uma bandeja colocada logo abaixo da tampa, com abertura central, permitindo o acesso das abelhas ao alimento. No mercado, pode ser encontrado todo em madeira ou revestido com chapa de alumínio. Fornece alimento líquido, sólido ou pastoso, entretanto, quando o alimentador não é revestido de alumínio, para fornecer alimentos líquidos, é necessário que se faça um banho com cera nas emendas para evitar vazamentos. Uma desvantagem do alimentador de cobertura é a quantidade de abelhas que morrem afogadas no alimento. Os modelos que contêm ranhuras na madeira próxima à abertura devem ser preferidos, pois essas ranhuras facilitam o retorno das abelhas para a colmeia, evitando que muitas morram afogadas (Fig. 34).
Figura 34. Alimentador de cobertura.
Alimentador Doolitle ou de Cocho Interno
Com as mesmas dimensões de um quadro de ninho ou melgueira, é usado dentro da colmeia em substituição a um dos quadros (Fig. 35). Para evitar que as abelhas morram afogadas no alimento líquido, o alimentador deve ter as laterais da superfície interior rugosas, de forma a criar uma superfície de apoio para as abelhas.
Figura 35. Alimentador Doolitle.
Precauções
Para que a alimentação seja eficiente e atinja seu objetivo, é necessário que o apicultor siga as seguintes recomendações:
- Quando usar alimentador individual, fornecer o alimento ao final da tarde para evitar o saque.
- Pelo mesmo motivo, evitar derramar alimento próximo ao apiário.
- Quando usar alimentador coletivo, fornecer o alimento durante o dia, de modo que as abelhas tenham tempo suficiente para a coleta.
- Para evitar ou diminuir o desperdiço, ao usar o alimentador coletivo, fornecer uma quantidade de alimento que possa ser consumida no mesmo dia.
- Alimento fermentado mata as abelhas. Por isso é necessário que o produtor tenha muito cuidado para não fornecer alimento fermentado ou não deixar que o alimento fermente nas colmeias.